" Bem melhor com Deus "
Eu estou bem e você?
É muito comum quando perguntamos a alguém como vai, ouvir de resposta “estou bem, e você”? É comum também constatarmos, ao longo do papo ou mesmo por um amigo em comum, que a dita pessoa não está tão bem assim.
Por sua vez, é corriqueiro, ao perguntarmos, não estarmos de fato interessados em saber como a pessoa está. É só uma pergunta, sem intenção concreta, um hábito, tipo aqueles comentários de elevador: está quente hoje, como chove, heim? E por aí vai. E, muitas vezes, quando a pessoa responde, contando mesmo como está, os problemas, as dificuldades, as angústias; o outro quase que se desespera, afinal, isso não estava no script. Às vezes, está com pressa, tem compromisso ou simplesmente não quer saber do problema do outro, quando também se está cheio de problemas.
E tem aquelas pessoas que sempre respondem ao pé da letra. Aquelas das quais a maioria foge, atravessa a rua quando vê, ou, se não tem jeito, simplesmente não perguntam como está. O papo rola mais ou menos assim; “Oi! Tô morrendo de pressa. Depois nos falamos melhor. Beijos”. E sai, deixando o outro meio perdido, sem ter tempo ao menos de responder o Oi.
O que acontece é que todos nós temos problemas, dificuldades, frustrações, angústias, medos, inseguranças, fases melhores outras piores, mas nem por isso saímos por aí respondendo aos cumprimentos, mesmo de pessoas com quem temos mais contato, falando exatamente como estamos. É como se soubéssemos, talvez, não de forma consciente, pelo menos não para todos, que isso tudo faz parte desta nossa existência aqui. Que estamos todos em desenvolvimento, que os problemas e dificuldades são comuns a nós todos, sem exceção.
Quando realmente queremos compartilhar o que estamos passando, normalmente, escolhemos a dedo o ouvinte. É interessante como dividimos nossos amigos e parentes em categorias. Fulano é bom para eu contar isso, sicrano aquilo. E tem vezes que não compartilhamos com ninguém, ou porque é muito doloroso, vergonhoso ou simplesmente porque não desejamos. Afinal, também podemos elaborar sozinhos! Rever, pensar, sentir novamente, escutar nosso coração, seguir nossa intuição… Além do que, o outro pode falar o que quiser, aconselhar, sugerir, mas, ao final, vamos fazer o que acreditamos ser o melhor para nós ou o que queremos mesmo sabendo das consequências.
Mas é muito bom termos com quem contar, alguém que a gente possa se expor sabendo que vai ser escutado com o coração aberto, acolhido, que não vai ser julgado nem crucificado e, o que é muito importante, que aquilo que falamos não vai ser usado um dia de volta para humilhar, ofender, magoar… Infelizmente, isso é mais comum do que deveria ser, principalmente, entre casais. E, no entanto, não há nada que una mais um casal, que mantenha o relacionamento fortalecido do que a amizade. E um amigo de verdade não detona o outro jamais.
O “eu estou bem” quer dizer, na maioria das vezes, apenas que, apesar de tudo, contudo, ainda assim, eu sou forte o suficiente para seguir em frente.